O JOVEM RICO -
Sua prosperidade financeira tornou-se obstáculo na caminhada espiritual.
A juventude é uma das épocas mais bonitas da vida. Os jovens, em geral, são fortes, cheios de energia e disposição. Têm a mente repleta de sonhos e aspirações. No caso daquele personagem, além de ser moço, gozava de boa situação financeira. É provável também que tivesse boa saúde, pois não estava em busca de cura. Além disso, era religioso, conhecia os mandamentos de Moisés e os obedecia.
Todavia, ele precisava conhecer o Senhor Jesus (Mt.19.16-30; Mc.10.17-31; Lc.18.18-30). Da mesma forma, todas as pessoas precisam conhecê-lo, ainda que suas vidas estejam aparentemente bem.
Poderíamos imaginar que, se aquele rapaz era obediente à lei, conforme o texto nos diz, sua situação diante de Deus estava perfeita, mas não era simples assim. Ele acreditava, inclusive, na imortalidade da alma, visto ter questionado acerca da vida eterna. Este era um conceito avançado para a época.
Contudo, aquele moço vivia como um filho distante que conhece e obedece às determinações do pai, mas não tem relacionamento com ele. Este é o ponto que diferencia o cristianismo do legalismo. Não basta seguirmos um rígido código de conduta, com usos e costumes, mesmo que sejam de origem cristã. Tais coisas podem até ser necessárias e úteis, mas a vida espiritual não se resume a isto. Ser cristão é conhecer a Cristo e ter comunhão diária com ele.
O jovem rico obedecia à lei de Deus, mas não conhecia o Senhor. Entretanto, ele teve a maravilhosa oportunidade de encontrar-se com Jesus e ouvir as suas palavras. Todavia, a mensagem não foi do seu agrado. Gostamos de ouvir elogios, e parece que este era o intuito daquele rapaz. A palavra de Deus não tem o propósito de agradar ao homem, mas de salvá-lo. É como o diagnóstico elaborado por um bom médico, que nem sempre agrada ao paciente, mas tem o propósito de ajudá-lo, se possível for.
Podemos considerar que o jovem rico tirou o melhor proveito da Antiga Aliança, mas não conseguiu entrar na Nova. Era o momento de avançar para um novo nível, mas isto não se concretizou. O desafio apresentado pareceu-lhe grande demais.
Jesus lhe disse: "Ainda te falta uma coisa. Vai, vende o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu".
O moço tinha muitas qualidades. Apenas uma coisa lhe faltava, mas esta foi suficiente para conduzi-lo à perdição. Ele era rico nesta terra, mas pobre espiritualmente. Sua conta no céu estava zerada.
Esta é a situação de muitos ricos, quem sabe a maioria, que se encontram na mais completa miséria espiritual. Têm muito dinheiro, mas lhes falta paz, amor e a tranquilidade de uma consciência limpa.
A proposta de Jesus para aquele jovem não foi no sentido de fazer multiplicar as riquezas materiais, mas as espirituais (Rm.2.4; 9.23; 11.33; Ef.1.7,18; 2.7; 3.8,16; Col.1.27).
De imediato, sua possível decisão por seguir a Cristo seria motivo de aparente perda. Isto não combina com a teologia da prosperidade.
Muitas pessoas vêm para as igrejas hoje com o propósito de receber bênçãos materiais, casas, carros, dinheiro, empresa, bons negócios, etc., mas poucos estão dispostos a abrir mão de alguma coisa em prol do reino dos céus. Não podemos negar que isto pode ser necessário, conforme a palavra de Deus nos ensina:
"Quem achar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á" (Mt.10.39).
Antes de perder a vida, muitos cristãos perdem os amigos, o emprego, a namorada, etc, por causa de sua conversão.
O apóstolo Paulo, quando se converteu, perdeu sua posição na sociedade, bem como o respeito de seus compatriotas, sua autoridade, etc. Depois, afirmou:
"Mas o que para mim era lucro passei a considerá-lo como perda por amor de Cristo; sim, na verdade, tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo" (Fil.3.7-8).
Jesus não levou em conta que aquele moço poderia ser um excelente membro ou mesmo um líder na comunidade apostólica, podendo contribuir com um dízimo de alto valor que seria revertido em benefícios para todos os discípulos. O próprio Mestre não precisaria mais andar de jumentinho nem a pé. Poderia adquirir um cavalo puro sangue. Nada disso! Cristo não deixaria de dizer a verdade por causa de possíveis vantagens materiais. Sua mensagem não foi suavizada por interesses terrenos.
Nós, talvez, ficaríamos impressionados com o jovem rico e teríamos apenas coisas positivas para dizer-lhe, mas Jesus viu o seu coração e foi direto ao problema.
Não é pecado ter dinheiro. Não é errado ser rico. O problema existe quando a riqueza se torna um deus (Mamom) (Mt.6.24). O amor ao dinheiro, que é a raiz de toda espécie de males (ITm.6.10), não deixa espaço para o amor ao próximo. Então, o egoísmo, a avareza, que é idolatria (Col.3.5), dominam a pessoa. Este era o caso daquele rapaz. Ele confiava nas riquezas (Mc.10.24).
Para que Jesus pudesse estar em primeiro lugar, o materialismo precisava ser destronado. O jovem precisou escolher, tomar uma decisão, como acontece com todos os que se encontram com Jesus. Porém, seu apego ao dinheiro fez com ele perdesse a oportunidade de salvação.
Jesus poderia ter dito: "Vai, vende tudo o que tens e traz o dinheiro como oferta". Não foi assim. Ele disse que o dinheiro deveria ser dado aos pobres. A oferta é bíblica e necessária, mas a ajuda aos necessitados também é, e não pode ser esquecida.
Aquele jovem, se vendesse todos os seus bens e distribuísse o dinheiro, não ficaria no prejuízo. Teria um ganho eterno. Um galardão inefável estaria à sua espera na glória celestial.
Assim acontece com todos aqueles que, sendo ricos ou pobres, renunciam a tudo que o Senhor lhes pede. Não estamos defendendo o voto de pobreza, mas apenas a renúncia daquilo que for incompatível com a vida cristã, principalmente o que nos for claramente indicado por Deus e pela consciência.
Conta-se a história de um menino que enfiou a mão em um vaso caríssimo e não conseguia tirá-la. Então, seu pai lhe disse: "Abre a mão e estica bem os dedos para facilitar a saída". O filho respondeu: "Não posso, pois estou segurando uma moeda". "Meu filho", disse o pai, "solta a moeda, pois eu lhe darei outra de maior valor". Então, o menino abriu a mão e conseguiu retirá-la facilmente. Da mesma forma, quanto mais nos apegamos aos valores deste mundo, mais presos ficamos. Precisamos abrir mão, pois só assim estaremos aptos a receber as riquezas espirituais de Deus em Cristo Jesus.
Quem busca ao Senhor, mesmo que renuncie a tudo, não ficará no prejuízo, pois todas as suas necessidades serão supridas. Seguindo o Bom Pastor, nada nos faltará
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MADALENA
Jesus escolheu doze homens para serem seus discípulos. Contudo, havia
também mulheres que o seguiam. Algumas tinham até a nobre função de
prestar apoio financeiro ao ministério do Mestre (Lc.8.1-3). Uma
delas era Maria Madalena. Percebemos que o Senhor honrou as mulheres
numa época em que a sociedade não lhes dava grandes oportunidades. O
nome Madalena indica sua cidade de origem: Magdala, localizada na
província da Galiléia. Depois da mãe de Jesus, Madalena foi a mulher
que mais se destacou durante o ministério terreno do Messias.
Vida pregressa
Por tradição, somos informados que Maria Madalena era uma prostituta.
Entretanto, a bíblia não diz tal coisa. O que sabemos com certeza é
que, antes de conhecer o Senhor, aquela mulher era possuída por sete
demônios (Lc.8.2). Portanto, tinha uma vida de pecado, sofrimento,
tristeza e tormento constante. Esta é a situação de muitas pessoas
que não servem a Deus. Estão nas mãos do Diabo. Ainda que não estejam
possessas, são oprimidas e influenciadas pelos poderes das trevas.
Encontro e compromisso
Maria conheceu o Senhor Jesus e sua vida foi completamente
transformada. Os demônios foram expulsos e ela passou a seguir o
Mestre. Todos precisam conhecer a Cristo afim de serem libertos e
transformados. Além disso, é preciso que se faça um compromisso com
ele. Muitos são abençoados por Deus, mas não querem se comprometer.
Madalena se tornou uma seguidora de Jesus. Ela sabia que, se
deixasse o Senhor, seria novamente dominada pelos demônios.
Portanto, além do compromiso, era preciso haver fidelidade.
A perseverança
Seguir a Cristo era algo maravilhoso, principalmente para os recém-
libertos. Ouvir seus ensinamentos e presenciar seus milagres era
viver o céu na terra.
Porém, as autoridades religiosas começaram a se levantar contra Jesus
e as ameaças foram se multiplicando. De imediato, os discípulos não
se deixaram intimidar, pois imaginavam que Jesus resolveria qualquer
situação adversa. Afinal, quem poderia detê-lo ou prejudicá-lo e aos
que com ele estavam? Mas tudo ficou muito confuso na noite em que
Jesus foi preso.
Depois veio o julgamento e a condenação do Mestre. Entretanto, ainda
havia esperança. Quem sabe ele não invocaria as hostes celestiais
para livrá-lo? (Mt.26.53). O tempo passava e a situação parecia cada
vez pior.
A frustração dos discípulos foi muito grande. O medo também os
assolou de tal maneira que todos fugiram (Mt.26.56).
No dia seguinte, Jesus foi pendurado no madeiro, mas ainda havia
esperança. Se quisesse, Cristo poderia descer da cruz e salvar-se a
si mesmo (Mt.27.42). Contudo, não o fez.
Nos momentos difíceis da nossa vida, também esperamos que o Senhor
faça isso ou aquilo. Se ele não faz, muitos ficam decepcionados.
Naqueles instantes que antecederam a sua morte, seus seguidores o
abandonaram, à exceção de algumas pessoas que ficaram ali, junto à
cruz, acompanhando o Mestre até o fim: Maria, mãe de Jesus, Maria
Madalena, Maria, mulher de Clopas, e João, o discípulo amado (João
19.25-26).
Certamente, ninguém entendia o que estava acontecendo. O que ficava
evidente ali não era a compreensão, mas o amor. Era demonstração de
fidelidade incondicional.
Vemos, portanto, quão profundo era o compromisso de Madalena com
Jesus. Seguir a Cristo enquanto tudo está bem é fácil. Nos momentos
mais difíceis é que manifestamos a seriedade do nosso compromisso e a
realidade da nossa fé. É na hora da cruz, no meio da tribulação, que
revelamos o quanto amamos o nosso Salvador. Precisamos permanecer
firmes, mesmo quando não compreendemos o que está acontecendo, mesmo
quando nossas expectativas se frustram. Deus tem um propósito
superior que está se cumprindo.
Madalena estava ali, talvez colocando em risco a própria vida,
permanecendo aos pés do Senhor.
Ela demonstrou coragem. Não fugiu, não ficou indiferente ou distante,
mas perseverante e fiel.
A morte do Senhor
Quando Jesus morreu, tudo parecia encerrado. Todas as esperanças
humanas se dissiparam. Na vida dos servos de Deus existem momentos
assim. Todos os recursos parecem esgotados. É o momento da cruz
individual.
Madalena deve ter feito uma retrospectiva de sua história. Quando
conheceu o Senhor Jesus, tudo se tornou maravilhoso. Parecia que os
problemas não existiriam mais. Contudo, a cruz ainda estava por vir.
Muitas pessoas se encontram com Jesus e imaginam que todo o
sofrimento de suas vidas tenha acabado. Algum tempo depois, ficam
decepcionadas diante das tribulações normais da vida cristã. Neste
caminho existe uma cruz.
A diferença é que, antes, sofríamos nas nãos do inimigo. Agora,
sofremos para crescer, amadurecer, e experimentar os gloriosos
propósitos de Deus em nossas vidas. A cruz parece uma vitória do
maligno, mas é a maneira divina de nos conduzir a um nível mais alto
em nossa vida espiritual.
O sepultamento
Logo que Jesus morreu, a multidão que assistia à crucificação retirou-
se, mas algumas pessoas acompanharam a colocação do corpo na
sepultura. Madalena estava ali (Mt.27.61). Quão grande era o seu
amor e sua dedicação!
Três dias de dor e tristeza
Durante o tempo de permanência do corpo de Jesus na sepultura, seus
seguidores ficaram desorientados e parcialmente dispersos. Naqueles
dias, parecia que os céus estavam fechados. Não se viram milagres
nem anjos. Não se ouviu nenhuma voz entre as nuvens. Os adversários
se sentiam vencedores. Os discípulos estavam confusos e angustiados.
Existem momentos assim em nossas vidas, quando os questionamentos se
multiplicam e as respostas não vêm. Parece que fomos abandonados.
Clamamos, mas não somos respondidos. Contudo, Deus está trabalhando
em silêncio. Aquele tempo era necessário para que os propósitos de
Deus se cumprissem, e eles não iriam acontecer antes da hora
determinada pelo Pai. Era tempo de esperar, e esperar é muito
difícil, principalmente quando não se sabe o que acontecerá ou se
acontecerá.
Parecia que o tão falado `reino de Deus' não passou de uma ilusão. O
melhor a fazer talvez fosse a dispersão. Alguns resolveriam ir embora
de Jerusalém (Lc.24.13). Os pescadores voltariam ao mar (João 21.3).
Nós também passamos por experiências assim, quando chegamos a pensar
que os propósitos de Deus para nós foram apenas ilusões do nosso
coração. Nessa hora, muitos abandonam sua posição e voltam à vida
antiga.
Visita ao sepulcro
Apesar de tudo o que acontecera, no primeiro dia da semana, ainda de
madrugada, Madalena foi ao local onde Cristo fora sepultado, com o
intuito de ungir o seu corpo (João 20.1-18). De nada adiantaria
aquela homenagem póstuma, mas, ainda assim, era uma demonstração de
amor.
Ela foi no primeiro dia da semana. Não deixou para o quarto ou sexto
dia. Enquanto os discípulos dormiam, ela se levantou de madrugada
para ir ao sepulcro. Poderia ter acordado tarde e ido após o almoço.
Porém, seu amor por Jesus estava acima de tudo, de maneira que não
mediu esforços para realizar aquele ritual. Como é a nossa dedicação
a Deus? Damos a ele o melhor? Fazemos tudo com prontidão ou sempre
deixamos para depois?
Madalena tinha iniciativa. Não precisou que alguém lhe convocasse ou
desse ordem.
Qual não foi sua surpresa e decepção ao verificar que o corpo do
Mestre já não se encontrava naquele lugar. Além de todo o sofrimento
dos últimos dias, mais esse choque? Pensou que alguém o havia
retirado. Foi logo anunciar o fato aos discípulos. Pedro e João
vieram correndo ao sepulcro e constataram que Jesus não estava ali.
Imediatamente, voltaram para casa, mas Madalena continuou junto à
sepultura, chorando.
O choro
Todos nós sofremos de alguma forma e em alguma medida, mas as
mulheres, pelo fato de serem mais emotivas, parecem sentir mais
profundamente as perdas e as dores da vida. Madalena ficou ali
chorando, lamentando. Entretanto, Jesus estava atento ao seu pranto.
Hoje também, quando pensamos que tudo está encerrado, quando choramos
angustiados, quando vertemos lágrimas de dor, o Senhor nos contempla.
Naquele momento, nada mais podia ser feito. Nem mesmo a unção do
corpo ela podia fazer. Muitas vezes pensamos que tudo esteja acabado.
Nada mais podemos fazer, mas o Senhor sempre pode fazer muito mais do
que imaginamos.
A ressurreição
Após o tempo determinado por Deus, o Senhor Jesus foi levantado do
sepulcro pelo poder do Espírito Santo (Rm.8.11). Deus tem um tempo
para tudo e, geralmente, não coincide com o nosso cronograma. Ele não
se move pela nossa ansiedade, mas por sua soberana vontade. Sempre
queremos evitar a morte, principalmente a nossa, mas Deus tem em
vista a ressurreição. Os pensamentos de Deus são superiores
(Is.55.9). Queremos evitar o sofrimento, mas Deus está visando os
resultados positivos que dele virão (Rm.5.3-5).
A intervenção divina vem. Não desanime. Não desista. Sua obra será
concluída.
"Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana,
apareceu primeiramente a Maria Madalena" (Mc.16.9).
Que honra para as mulheres! Afinal, Maria foi a pessoa que demonstrou
maior apego ao Mestre e maior sofrimento por sua morte. Sua dedicação
foi recompensada. Ela se tornou a primeira mensageira da
ressurreição, indo aos discípulos anunciar-lhes o fato (João 20.14-
18).
A ressurreição inaugurou uma nova etapa na vida de todos os
seguidores de Jesus, sendo também o fato histórico que coloca o
cristianismo acima de todas as religiões.
Daquele dia em diante, os discípulos foram novamente reunidos. O
Espírito Santo foi derramado. O propósito do reino foi retomado. A
igreja foi estabelecida e milhares de conversões começaram a
ocorrer.
Maria Madalena, que tinha sido assolada por sete demônios, agora se
encontrava numa posição de honra, como a primeira testemunha da
ressurreição de Jesus.
Da mesma forma, hoje, muitas mulheres estão servindo a Deus, com
amor, com esforço e lágrimas. Que Deus abençoe a cada uma delas,
dando-lhes também muitos motivos para sorrir, através de grandes
experiências e bênçãos. Que o Senhor lhes conceda a honra de levarem
a muitos o testemunho de que Jesus está vivo e sempre vale a pena amá-
lo e servi-lo.
Anísio Renato de Andrade
Bacharel em Teologia
www.geocities.com/anisiorenato
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É realmente uma bênçao o site, vale a pena conferir!
Sônia
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